TALHAMAR (1982), DE DORA FERREIRA DA SILVA

POESIA E SIMBOLISMO

Autores

  • Sandro Adriano da Silva Autor
  • Cleber da Silva Luz Autor

Palavras-chave:

Poesia brasileira, Dora Ferreira da Silva, Talhamar, Simbolismo, Arquétipo

Resumo

Este artigo analisa a obra Talhamar (1982), de Dora Ferreira da Silva, situando-o no panorama da poesia brasileira contemporânea e explorando seus fundamentos simbólicos e arquetípicos. Conforme Nunes (2009), a lírica da década de 1980 caracteriza-se pela articulação entre tradição e inovação, e a obra de Dora insere-se nesse contexto ao recuperar mitos e símbolos em diálogo com uma reflexão visionária. A partir da concepção junguiana de arquétipo e dos modos de criação artística (Jung, 2000; 2013), o estudo evidencia como a poeta mobiliza imagens do inconsciente coletivo, especialmente a simbologia da água e do mergulho, para configurar uma experiência de travessia existencial e espiritual. Em Talhamar, a fusão entre o título, a capa, com a pintura da Tumba do Mergulhador, e a tessitura poética, constrói um universo simbólico em que o mar e o barco assumem metáfora de rito de passagem, associando morte, renascimento e transcendência. O diálogo com a tradição simbolista, aproximado de Mallarmé, e com a imaginação material da água (Bachelard, 1997) reforça a densidade contemplativa da lírica doreana. Conclui-se que Dora Ferreira da Silva elabora uma poética visionária, capaz de conjugar mito, filosofia e simbolismo, inserindo-se como uma das vozes mais singulares da lírica brasileira contemporânea.

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Publicado

2025-09-03